Na hora de embrulhar a época de 2025 numa só palavra, o Miguel não tem dúvidas: “memorável”. É assim que resume um ano que fica marcado na pele, no currículo e na memória.
Logo no início, em Abu Dhabi, apareceu o primeiro sinal de que as coisas podiam vir a correr bem. Primeira prova da World Series, primeira vez a competir no mundial completo… e pumba: 13.º lugar. Aquele momento em que pensas: espera aí… eu posso mesmo andar aqui no meio dos melhores do mundo. A época abriu com mistério, mas fechou com certezas.
Quanto ao clássico momento de querer desistir e ir comer um pastel de nata, o Miguel não se deixou enganar pela pergunta. Ele é diplomático, mas honesto: “Pastel de nata é tão bom que em todos os momentos é motivo para ir comer um.” Não há drama que não se resolva com massa folhada e creme. Quem nunca?
Provas atravessadas? Nada disso. No alto rendimento, diz ele, merecer… merecem todos. Quando algo não corre tão bem, em vez de remoer, prefere ajustar, perceber, melhorar. Um pragmático zen, versão triatleta.
Mas 2025 não foi só suor e cronómetros. Foi também um laboratório pessoal. O Miguel sempre acreditou no famoso “sozinho vais mais rápido, acompanhado vais mais longe”, mas este ano percebeu outra nuance: às vezes, só conseguimos ajudar os outros quando temos a coragem de apostar primeiro nos nossos próprios objetivos. Maturidade competitiva, chamam-lhe. Talvez por isso, a prioridade no final de cada prova é clara: família e Matilde. Videochamada imediata, relato fresco, emoções ainda aos saltos, os verdadeiros pilares, aqueles que veem tudo, que vibram com tudo.
E a banda sonora da época? Nem uma música — um álbum inteiro: My Turn, do Lil Baby. A companhia escolhida para treinos daqueles em que é preciso cavar mais fundo, e para o pré-prova onde o foco se acende.
No meio disto tudo houve diversão, e da boa. Viajar pelo mundo a fazer aquilo que mais se gosta, rodeado de amigos… como é que não há de ser divertido? Mas a Austrália ganhou o prémio: sol, treinos, ambiente: o pacote completo.
Momentos emotivos também não faltaram. E aqui o Miguel não faz cerimónia: “Quase chorar? Se é para ser, é para chorar a sério.” A seguir à finalíssima, as lágrimas vieram sem filtro. Daquelas que não se pedem desculpa, que limpam o cansaço e celebram o caminho.
No departamento das experiências gastronómicas duvidosas, o vencedor é claro: Oreos de morango e uva na China. Ele provou, sobreviveu, e agora avisa os outros. Serviço público.
E quando o assunto é apoio, existem dois nomes que sobem ao primeiro lugar do pódio: Ricardo e Vasco. Uma relação inexplicável num ambiente tão competitivo, uma parceria que não se força, simplesmente existe. E isso, diz ele, é combustível para continuar a acreditar.
Foi uma época memorável, sim. Não apenas pelos resultados, mas pelo que moldou, ensinou e emocionou. Uma época que prova que o Miguel Tiago Silva não está só a crescer como atleta…
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Texto elaborado com base num questionário com as seguintes perguntas:
1 Como descreves esta época numa palavra?
2. Qual foi o momento em que pensaste: “Ok, isto está mesmo a correr bem”?
3. E o momento em que só te apetecia largar tudo e ir comer um pastel de nata?
4. Há alguma prova que tenha ficado atravessada, aquela que ainda hoje pensas “eu merecia mais ali”?
5.O que é que mais aprendeste sobre ti nesta época?
6. Quem foi o primeiro a receber uma mensagem depois da melhor prova da época?
7. Se a tua época tivesse uma banda sonora, que música seria?
8. Qual foi o momento mais divertido da época, dentro ou fora da competição?
9. E aquele momento em que quase choraste (de raiva, cansaço ou alegria)?
10. Qual foi o snack mais bizarro que comeste, este ano, antes ou depois de competir?
11. Se pudesses trocar de corpo com outro triatleta por um dia, quem escolhias e porquê?
12. Há alguma pessoa ou gesto que te tenha tocado particularmente durante a época?


