A Federação de Triatlo de Portugal decidiu implementar regras para as provas regionais, apostando num modelo pensado para atrair novos praticantes. O vice-presidente Rudi Bernardo, responsável pelas provas regionais, explica as novidades.

A principal motivação para participar num regional não pode ser a garantia de que se leva um título para casa.

A Federação decidiu terminar com as provas regionais?

Não. Isso nunca esteve em causa. O que fizemos foi criar regras de uniformização dessas provas. Por exemplo, definimos um número mínimo e máximo de provas de adultos e jovens. O que acontecia até agora, para se ter uma ideia, era que as regiões podiam escolher só fazer provas de adultos, só de jovens, ou mesmo não fazer provas.

Também estipulámos que as provas regionais não podiam coincidir com as provas nacionais. Penso que toda a gente entende que sendo nós 3.700 triatletas, não faz sentido estarmos a dispersar-nos em várias provas no mesmo dia.

O que acontecia até agora, para se ter uma ideia, era que as regiões podiam escolher só fazer provas de adultos, só de jovens, ou mesmo não fazer provas.

Mas terminaram os títulos regionais individuais. Porquê?

Toda a gente percebe com dois exemplos. Havia regiões com 200 atletas que distribuíam 170 medalhas nos pódios dos regionais individuais, entre grupos de idade e variantes. Também aconteceu haver um campeonato regional com seis atletas e quatro campeãs. Ou seja, seis atletas e quatro títulos.

Os regionais  devem servir como complemento às provas nacionais. Devem funcionar como porta de entrada para a modalidade, onde os clubes ganham novos atletas e fazem experiências perto de casa. Estas provas são excelentes momentos para os treinadores substituírem dias de treino por provas de aproximação competitiva, proporcionando aos atletas uma progressão gradual no grau de dificuldade competitiva.

É esta a nossa visão sobre os regionais e não a de um medalheiro gigante. Isso não faz sentido. A principal motivação para participar num regional não pode ser a garantia de que se leva um título para casa.

Havia regiões com 200 atletas que distribuíam 170 medalhas nos pódios dos regionais individuais. (…) Também aconteceu haver um campeonato regional com seis atletas e quatro campeãs.

Mas a competição é importante… 

Claro que é. Por isso mesmo, em substituição dos campeonatos regionais, definimos a criação de um ranking regional individual para o qual todas as provas contam.

Por outro lado, criámos o campeonato regional de clubes, que permite disputar um título coletivo, e nesse sentido entendemos que os regionais devem refletir o sucesso desportivo individual do atleta no sucesso coletivo.

A competição pode servir de estímulo a alguns atletas, mas não devemos colocar essa responsabilidade nos regionais.

Em substituição dos campeonatos regionais, definimos a criação de um ranking regional individual para o qual todas as provas contam.

E como são organizadas as provas regionais?

Nas provas regionais, os principais parceiros na organização das competições são os clubes. Pretende-se que os clubes possam organizar as provas e com isso alavancar e promover o clube e a região, mas também serem parte estruturante da Federação na organização de competições.

Entendemos também que será uma mais valia para os clubes a organização de competições regionais, como potencial fonte de receita. As inscrições revertem a 100% para o organizador e no que respeita à organização de provas jovens, o organizador está isento de taxas.

Este investimento partilhado da Federação, através da subsidiação e da disponibilização de recursos para a existência destas provas, pretende funcionar como contributo ativo para o crescimento e desenvolvimento da modalidade.