Caros triatletas e restantes agentes da modalidade,

A FTP vem por este meio assumir todas as responsabilidades pelas dificuldades sentidas pelos triatletas que participaram no Campeonato Nacional de Clubes de Triatlo, distância standard, realizado em Portimão no dia 23 de março.

O Triatlo pode e deve ser experienciado de modo desafiante, já que sabemos ser este um dos motivos pelos quais alguns de vós se tornaram triatletas, mas obviamente que este desafio deve estar dentro dos limites da sensação de segurança, o que acabou por não acontecer nesta primeira etapa do Campeonato Nacional de Clubes.

Os e-mails enviados à FTP e os posteriores posts colocados nas redes sociais partilhando algumas das vossas vivências na prova demonstram que a solução encontrada para a realização do triatlo não foi a mais correta. A análise que alguns de vós desenvolveram sobre o comportamento da maré e corrente reforçam este facto.

Não servindo de desculpa, mas numa análise a posteriori, percebemos que estiveram reunidos uma série de fatores que potenciaram uma situação fora do normal: as marés vivas, o levante de leste e uma altura de maré extraordinária fizeram com que a corrente junto da primeira boia se tornasse muito superior ao normal, facto confirmado por atletas que nadam habitualmente naquele local. A isso junta-se o facto de as boias da primeira viragem terem sido arrastadas em direção ao meio do rio durante a realização da prova masculina, o que agravou a situação.

Recordamos que no ano passado surgiu uma situação semelhante do lado contrário no I Triatlo de Lagoa; a corrente que se fez sentir na prova feminina diminuiu o seu efeito na prova masculina já que a maré estava na fase final de enchente. Este ano a maré encontrava-se também na fase final de enchente na partida masculina, o que nos deu confiança de que iria melhorar, facto que não se verificou, aumentando ainda mais a força da corrente.

Queremos também salvaguardar o trabalho do Delegado Técnico na preparação da prova, tendo este avaliado a situação e prevendo-se que o percurso em causa não fosse significativamente afetado pela corrente. Salientamos ainda que o calendário de triatlo é extenso e implica muitas condicionantes, o que, conjugado com os horários das marés, torna complicado garantir que o horário de realização das provas coincida sempre com o melhor período do dia para realização das mesmas.

Sabemos que este erro que agora assumimos, e com o qual aprendemos, custou muito esforço a alguns, deixando recordações que não são aquelas que pretendemos para a nossa modalidade, pelo que não queremos de todo que esta situação se repita.

Reiterando o pedido de desculpas, desejamos a todos os triatletas votos de bons treinos e de muitas provas futuras com bons motivos para recordar.

 

Ainda sobre o I Triatlo de Portimão, mas referente ao dia 24 de março, a FTP vem clarificar a situação ocorrida no I Triatlo de Portimão no Campeonato Nacional de Clubes por Estafetas Mistas.

A posição da Federação de Triatlo de Portugal relativamente a todas as situações em prova é que prevaleça a verdade desportiva, posição partilhada também pelo Conselho de Arbitragem e Competições, como consta no Regulamento Técnico, na página 9, ponto 3.3:

3.3 a.) O dever da equipa de Arbitragem é garantir que a prova decorre de acordo com os princípios de verdade desportiva, à luz do presente Regulamento Técnico;

Considerando que a ausência de dorsal em nada beneficia a prestação do atleta, e que todos os anos há inúmeras situações de atletas que perdem o seu dorsal sem por isso serem desclassificados, é nosso entender que esta situação não deveria ser exceção. Contudo, face à reclamação de alguns agentes desportivos, a norma não prevê margem de apelo, pelo que destacamos o comportamento do Árbitro Chefe de Equipa que tudo fez para resolver e ultrapassar a situação.

É essencial perceber que a obrigatoriedade do uso de material de identificação (touca, dorsal e nº de bicicleta) tem por princípio otimizar os processos de classificação, arbitragem e segurança e, se numa prova individual, algumas com mais de 500 atletas, com atletas estreantes e “desconhecidos”, a FTP consegue identificar e classificar atletas sem dorsal, mais fácil se torna numa prova por equipas, com 80 participantes, e tratando-se de um atleta olímpico. Ou seja, no Triatlo de Portimão não foi violado ou posto em causa o princípio que está na base da criação da regra e, portanto, a desclassificação da equipa do Sport Lisboa e Benfica prende-se com questões que fogem ao espírito da regra.

Assim, perante a convicção de que a desclassificação da equipa do Sport Lisboa e Benfica altera a verdade competitiva, a FTP propõe-se fazer as devidas adaptações ao Regulamento Técnico, de forma a garantir que o cumprimento desta regra tenha por fim exclusivo salvaguardar o princípio que está na sua génese, e estender esta reflexão aos agentes desportivos da modalidade para que o Triatlo mantenha as suas características vitais de fairplay e camaradagem.